quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Casino Royale de 1967 - Franquia James Bond 007

 

O Cassino Royale dos anos 60 foi sem dúvida um dos filmes mais problemáticos da história do cinema. O produtor Charles K. Feldman (de Uma Rua Chamada Pecado) comprou os direitos do livro no início dos anos 60, e depois de não conseguir acertos para produzir o filme com a EON (produtora oficial da franquia) e nem com Sean Connery (vencedor do Oscar por Os Intocáveis), resolveu transformar o filme numa sátira de filmes de espionagem.

O stress de produzir o filme foi tão grande que o produtor morreu um tempo depois do lançamento dele. Já o filme em si é uma bagunça completa, tiveram uns seis diretores e uns dez roteiristas contribuindo no projeto.

Explicar a sinopse é complicado, mas uma organização criminosa conhecida como Smersh está eliminando os agentes de todas as agências de espionagem do mundo. Afastado do Serviço Secreto Britânico, James Bond (David Niven) volta à ativa, elaborando uma conspiração secreta para combater o inimigo.

Vejam só, o filme é estrelado por Peter Sellers (de Doutor Fantástico), que até fez um contrato lucrativo pedindo 3% dos lucros do filme, mas o ator incomodou tanto no set de filmagem que acabou sendo despedido antes do fim de suas filmagens e tiveram que chamar David Niven (de A Volta ao Mundo em 80 Dias) pra interpretar um velho James Bond e tentar dar sentido a obra.

Peter Sellers estava muito babaca no set de filmagem. Sugeriu Orson Welles (de Cidadão Kane) como vilão e depois não compartilharam cenas juntos por problemas sérios entre os dois. Também sugeriu um diretor exclusivo em suas cenas até dar um soco no próprio diretor por uma crítica ele tinha feito para Sellers e ele mesmo fez o cara ser demitido. Além disso, deu desnecessariamente, numa cena romântica, um tiro de festim na cara da atriz Jaqueline Bisset (de Bullit), ferindo ela seriamente. Foi um escroto completo que arruinou um filme problemático, e por ter feito um ótimo contrato a sua herdeira lucra até hoje com o filme.

Os bastidores deste filme podem ser visto num clássico da HBO chamado A Vida e Morte de Peter Sellers, com Geoffrey Rush (Oscar por Shine – Brilhante) interpretando o ator. Em Cassino Royale temos muitas participações especiais, com destaque para os vilões interpretados por Orson Welles e Woody Allen (de Noivo Neurótico Noiva Nervosa), os únicos que salvam o filme do desastre completo.

Allen em sua excelente biografia lançada no Brasil pela Globo Livros falou o seguinte sobre o filme: “Um dos piores e mais idiotas desperdícios de celuloide da história do cinema”. O filme custou 12 milhões, o dobro do planejamento, mesmo assim, ficou seis semanas em primeiro lugar nos EUA, rendeu o dobro nos EUA, mas o lucro foi muito maior no exterior, rendendo quatro vezes mais.

O filme teve uma canção famosa na época chamada The Look of Love de Burt Bacharach que recebeu indicação ao Oscar.

Com todos os problemas, o filme em si é muito ruim, uma bagunça de personagens que não se conectam, as piadas são sem graça, as cenas sérias com Peter Sellers são ruins demais, e só Sellers como ator pensou em dar seriedade ao projeto, chegando a escrever parte do roteiro, mas na montagem final tudo é muito deslocado e sem nexo.

O filme serviu de inspiração para a bem sucedida trilogia Austin Powers com Mike Myers (da franquia Shrek), que se inspirou muito neste filme, e em Com 007 Só Se Vive Duas Vezes, filme oficial da franquia também lançado em 1967.

Cotação: Uma bomba completa, vale pela curiosidade de ver um grande elenco pagando mico em cena.

 

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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

O Apocalipse (Left Behind) – 2014

 

O filme é baseado numa série de livros escritos por Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins e de filmes bagaceiras da saga Deixados para Trás, com conotação cristã levemente baseado na Bíblia.

O irmão de Nicolas Cage, chamado Marc, é muito fã dos livros e incentivou o irmão a entrar nessa bomba dirigida por um mestre de coordenação de dublês chamado Vic Armstrong.

Vic Armstrong anteriormente tinha dirigido o filme de ação Fuga Mortal de 1993 com Dolph Lundgren. Mas como dublê ou coordenador de dublês já fez diversos filmes importantes, como por exemplo: vários filmes da franquia 007 desde os anos 60, A Profecia, Superman o Filme, Os Caçadores da Arca Perdida, Blade Runner, O Retorno de Jedi, O Vingador do Futuro, Tropas Estelares, Guerra dos Mundos e tantos outros, ou seja, especialista em ação.

A história do filme acompanha o antes e o depois do tal arrebatamento, onde "cristãos" somem "vão para o céu" e o restante vai passar cinco anos de inferno na Terra com várias catástrofes, enfim, a lógica parece ser a seguinte, que um genocida cristão com fé é salvo e um não cristão de bom coração hahahahahaha sem chance.

Nicolas Cage, que deve ter ficado com parte do orçamento da produção, está apático como um piloto de avião com dificuldades em encontrar um lugar para pousar. É um personagem que não tem fé cristã para ganhar passagem ao paraíso e que prefere comemorar seu aniversário, sim que presente né, preparando uma farra com duas aeromoças.

A personagem com fé que faz a esposa de Cage é interpretada pela Lea Thompson, mais conhecida pela trilogia De Volta para o Futuro como a mãe do protagonista, e aqui ela tem pouco tempo em tela e nenhuma cena com Cage, mas faz aquela pregadora insistente que irrita todos a sua volta.

Uma outra personagem importante na trama é a filha de Cage, que por falta de fé, fica perdida literalmente na Terra, tentando entrar em contato com o pai durante todo o filme, ela é interpretada por Cassi Thomson, mais conhecida pela série Big Love com o falecido Bill Paxton.

A história é absurdamente ofensiva, os personagens, e têm vários, são todos chatos, com destaque para o ator anão Martin Klebba, da franquia Piratas do Caribe, não papel bem ingrato, como o autêntico chato que está dentro do avião, além disso, por um filme de poucos recursos, os efeitos são fracos demais. É até curioso um diretor especialista em fazer coordenação de dublês de vários filmes importantes fazer algo tão sem sal.

Este é sem dúvida o pior filme da carreira de Cage, tanto que é o mais mal avaliado no imdb merecidamente. Também recebeu três indicações ao Framboesa de Ouro, de Pior Filme, Ator para Cage e Roteiro, e na boa, merecia muito mais.

Esse filme chegou a fazer sucesso no Brasil, alavancado pelas igrejas evangélicas do eixo Rio-São Paulo.

O filme tinha planos para continuação, mas foram sensatos em não investir após a catástrofe de críticas negativas.

Cotação: Chato e Ofensivo.

 

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terça-feira, 7 de setembro de 2021

A História do Palavrão (History of Swear Words) - 2021

 

Série de curtos documentários de 20 minutos divididos em 6 episódios, cada um deles falando de um palavrão específico: fuck, shit, bitch, dick, pussy e damn. Nicolas Cage, gravou sua participação num único dia, durante a pandemia, e acabou sendo seu primeiro trabalho pela Netflix, onde ele dá um verdadeiro show esbanjando carisma, com barba e nova “peruca”, será? kkkkkkkkkk, pagando de intelectual, sempre com um livro na mão, soltando palavrões e repetindo palavrões em cenas clássicas de seus filmes, além de contar histórias curiosas.

Infelizmente a série peca pela participação de comediantes sem graça onde 80% usam uma série leve e divertida sobre palavrões para cagar regras próprias, ou seja, direcionam que isso eu posso falar, mas fulano se falar é ofensivo. Toda vez que foca nesses comediantes a série desanda, e o problema é que foi dado um foco muito maior neles do que em Nicolas Cage.

Uma das poucas participações divertidas é do veterano ator Isiah Whitlock Jr. (de Destacamento Blood), que fez muito sucesso durante sua carreira prolongando a palavra Shit.....ficando mais ou menos assim:shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiit...... só vendo para entender e ter uma ideia.

A direção é de Ves D'Elia, que tem poucos trabalhos ainda no currículo como diretor, como direção de uns poucos episódios de um reality show chamado South Beach Classicse um curta metragem.Como produtor, pelo qual é o seu ramo de experiência, já venceu um Emmy Awards pela série @midnight.

Ainda não confirmada uma possível segunda temporada.

Cotação: Irregular, enquanto Nicolas Cage dá um show, a série é filha dos novos tempos, esbanjando o politicamente correto dentro da comédia. 

 

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segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Encurralados no Paraíso (Trapped in Paradise) 1994

 

Dos três filmes que foram lançados no ano de 1994 com o excêntrico Nicolas Cage, este é sem dúvida o filme mais decepcionante (os outros foram Atraídos pelo Destino e O Guarda-Costas e a Primeira Dama).

É aquela comédia natalina sem graça, com um trio de irmãos que vão assaltar um banco numa cidadezinha do interior americano e encontram dificuldades em sair dela, e aos poucos vão pegando amor pelas pessoas da cidade. 

Dana Carvey (de Quanto Mais Idiota Melhor) faz o irmão cleptomaníaco com leve retardo e Jon Lovitz (Tá Todo Mundo Louco!) o irmão mentiroso compulsivo, ambos péssimos nos seus personagens.

Nicolas Cage, vejam só, hahahaha, é o irmão bonitão e equilibrado do trio, e o menos pior interpretando, com interpretação mais contida, sem berros, expressões faciais exageradas e até mais romântico.

O filme tenta ter aquele clima natalino leve do mestre Frank Capra com pitadas de Esqueceram de Mim com Irmãos Coen, mas erra muito, seja na comédia, seja no elenco e lógico no roteiro fraco e na direção pouco inspirada.

O diretor George Gallo, que tem como maior acerto em sua carreira o roteiro da comédia Fuga à Meia-Noite com Robert De Niro e Charles Grodin, estava tão perdido na direção deste filme que o próprio Nicolas Cage foi obrigado a dirigir muitas cenas para controlar o caos e o desanimo dos outros atores no set, aliás, filme parcialmente filmado em Ontario no Canadá. 

O filme, distribuído nos EUA pela 20th Century Fox, estreou na mesma época de Meu Papai é Noel e lógico foi muito mal de bilheteria. No Brasil foi lançado em VHS e o SBT chegou a passar algumas vezes nas suas sessões das tardes.

Curiosamente Nicolas Cage e Richard Jenkins (ator 2 vezes indicado ao Oscar), além de atuarem juntos neste filme, eles também tinham atuado em Atraídos pelo Destino, filme que também foi lançado em 1994.

Outra curiosidade, o ator Nicolas Cage até chegou a ser convidado pela New Line para fazer Debi & Loide - Dois Idiotas em Apuros para atuar novamente ao lado de Jim Carrey, após terem feito Peggy Sue nos anos 80, mas o estúdio tinha dinheiro apenas para pagar o alto salário de Carrey, em alta após o sucesso de Ace Ventura, e preferiram optar por Jeff Daniels, que topou fazer o filme por muito pouco, e com isso Cage resolveu fazer esta comédia Encurralados no Paraíso no lugar, filmado praticamente na mesma época que o sucesso de Carrey.

Cotação: Decepcionante e sem graça.

 

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